Mantenha uma área de reserva
legal obrigatória e proteja outras áreas de preservação permanente que existam
na propriedade, como as nascentes e as encostas.
No período de chuvas, os animais
devem se alimentar nas pastagens nativas porque é nessa época que a vegetação
apresenta a maior produção de forragem, bem diversificada e com alto valor
alimentício – a forragem natural, por ser dada pela natureza, é o alimento mais
barato que existe para os ovinos e caprinos. É preciso tomar os seguintes
cuidados para preservar os pastos nativos:
• Os ovinos e caprinos não devem
ser colocados para pastar na caatinga, ou em outro pasto nativo, logo após as
primeiras chuvas, mesmo que a vegetação já esteja toda verde – tem que dar
tempo a ela se recuperar, crescer mais um pouco e oferecer maior quantidade de
folhagem para os animais.
• Até que isso aconteça, a
alimentação deve continuar a ser feita com os tipos de alimentos que vinham
sendo dados no final da seca (capins cultivados, feno, silagem, palma etc.)
• Havendo condições, o produtor
deve dividir a área de caatinga em, pelo menos, três cercados, deixando cada um
deles, alternadamente a cada ano, reservado para ser usado pelos animais na
época seca isso ajuda a preservar a biodiversidade da vegetação nativa.
• Deve, sempre, ser colocada para
pastar no pasto nativo uma quantidade de animais que não prejudique a vegetação
nativa – esse número deve ser reduzido nos anos de chuvas mais fracas.
• Em alguns tipos de caatinga é
possível aumentar a capacidade da caatinga alimentar os ovinos e caprinos. As
principais técnicas usadas para isso são:
1. Raleamento
2. Rebaixamento
3. Enriquecimento
No raleamento são retirados, em cerca
de 80% da área, os arbustos e árvores de baixo valor forrageiro, deixando
luminosidade e espaço para que a produção das plantas mais baixas (herbáceas)
aumente.
No rebaixamento, a vegetação é
podada a uma altura de 40 cm do solo, forçando uma rebrota abundante e a
formação de uma nova copa, com altura mais acessível aos ovinos e caprinos.
O enriquecimento consiste na
introdução, na caatinga, de capins e leguminosas de grande valor forrageiro
para os ovinos e caprinos – para isso, se faz um raleamento em 10 a 15% da área
a ser enriquecida e se semeia com as espécies mais adaptadas à região. O
enriquecimento é uma técnica que pode ser usada, também, em pastos nativos dos
pampas, dos cerrados, da Amazônia etc., Cada um deles utilizando espécies que
se adaptem ao seu ambiente.
Principais forrageiras nativas
Entre todas as regiões do Brasil,
é no semiárido nordestino que os pastos nativos apresentam maior importância
para a ovino-caprinocultura, já que essa atividade é predominantemente
explorada em sistemas extensivos. Nas demais regiões, embora alguns pastos
nativos ainda sejam utilizados, essa alternativa está desaparecendo
Manejo Básico de Ovinos e
Caprinos 47 rapidamente, com a vegetação nativa sendo substituída por espécies
introduzidas.
Entre as principais espécies
nativas e naturalizadas da caatinga utilizadas para alimentação de ovinos e
caprinos, podem ser citadas:
Catingueira – árvore leguminosa, também conhecida como “pau-de
-rato”, é uma das mais rústicas da caatinga. Não é muito apreciada pelos ovinos
e caprinos. As primeiras folhas são comidas com avidez, mas, à medida que
envelhecem, as folhas se tornam mais duras e de cheiro e sabor desagradáveis
para os animais que as rejeitam. Quando secam e caem, voltam a ser procuradas
pelos animais que as consomem como um
feno. Comem também as vagens achatadas e pontiagudas que caem junto com as
folhas, que muitas vezes perfuram os seus intestinos. Oferece lenha de primeira
qualidade e estacas para as cercas.
Mata-pasto – leguminosa (produz vagens) rasteira anual da caatinga,
muito comum em áreas cultivadas, capoeiras, margens de estradas, proximidades
de currais etc. Quando verdes, suas folhas são rejeitadas pelos animais por
serem amargas. Quando secas ou fenadas, são muito apreciadas pelos ovinos e
caprinos.
Faveleira – árvore de porte médio a alto, encontrada geralmente em
solos rasos e pedregosos da região semi-árida. Apresenta espinhos em suas
folhas, as quais, quando secam e caem ao chão, são comidas pelos ovinos e
caprinos. O feno da folha da faveleira chega a conter 18% de proteína.
Camaratuba– leguminosa perene da caatinga, de alto valor
nutritivo, com cerca de 18% de proteínas nas folhas. É um arbusto que cresce
até dois metros. Por ser muito apreciada pelos animais, está cada vez mais
difícil de ser encontrada.
Mororó – Árvore leguminosa da caatinga, de pequeno a médio porte,
de valor forrageiro, medicinal e melífico, conhecida, também, pelo nome de
“unha-de-vaca”. Ovinos e caprinos consomem muito bem suas folhas, com alto teor
de proteínas, e seus ramos. Pode ser plantada para formar “banco de proteínas,”
mas seu crescimento é mais lento do que o da leucena ou da gliricídia.
Juazeiro – é uma árvore de grande porte que produz uma grande massa
de folhagem, rica em proteínas, bastante apreciada por ovinos e caprinos Nos
períodos secos do ano, os produtores costumam cortar seus galhos para oferecer
as ramas aos animais debaixo da sua enorme sombra. Seus frutos são bastante
consumidos pelos animais.
Melancia-de-cavalo – também conhecida como melancia-de-porco e
maxixão, é uma planta que, apesar de originária da África, se adaptou muito bem
às regiões secas do Nordeste do Brasil, sendo, por isso, considerada uma planta
naturalizada. Chega a produzir, sem maiores tratos culturais, mais de 20
toneladas de frutos por hectare, em um ciclo em torno de 90 dias. Os frutos da
melancia forrageira são bastante resistentes após o seu amadurecimento, podendo
ser armazenados no próprio campo, onde os ovinos e caprinos os consomem,
geralmente na época da seca. Os animais respondem bem ao consumo da melancia
nos períodos mais secos porque ela tem 90% de água e porque ingerem, além da
polpa, quantidades razoáveis de sementes (30% de proteína), abundantes nos
frutos.
Maniçoba – é um arbusto nativo da caatinga e parente bem próximo da
mandioca (é conhecida também com o nome de mandiocabrava). É altamente
tolerante à seca, rebrotando rapidamente com as primeiras chuvas, florando,
frutificando e perdendo as folhas logo em seguida. A maniçoba, quando consumida
pelos animais na sua forma natural, libera uma substância tóxica chamada ácido
cianídrico, que pode causar a sua morte. Este ácido, entretanto, se evapora
facilmente quando a maniçoba é triturada e exposta ao sol para secar por um
dia. É umas das poucas plantas da caatinga que já estão sendo cultivadas pelo
ovino-caprinocultor para produção de feno e silagem. Possui 21% de proteína em
suas folhas e chega a produzir anualmente mais de 5 toneladas de forragem seca
por hectare.
Jurema preta – árvore leguminosa de porte pequeno a médio, muito
abundante na caatinga, que apresenta crescimento rápido e produz uma boa
quantidade de massa verde, com cerca de 14% de proteínas. Não é muito bem
aproveitada nutritivamente pelos ovinos e caprinos devido ao alto teor de
taninos que possui nas folhas. Também produz madeira para cercas e lenha de boa
qualidade.
Umbuzeiro – é considerada como a árvore mais importante de toda a
caatinga, pela sua beleza, porte, produção de frutos, produção de forragem e
sombra. As raízes produzem “batatas” que acumulam reservas responsáveis pela
sua alta tolerância aos períodos de seca. São usadas também como alimento
humano e como remédio. Os frutos e as folhas caídos ao chão são muito
apreciados por ovinos e caprinos. A pecuária extensiva praticada na região tem
dificultado a substituição natural das plantas velhas por novas plantas do
umbuzeiro, causando a diminuição da coleta de frutos e ameaçando o próprio futuro
da espécie.
Mandacaru – é um tipo de cacto, de porte médio, muito abundante na
caatinga. Sua principal característica são os espinhos grandes e pontiagudos
espalhados por toda a planta e os frutos vermelhos, importante fonte de
alimento para os pássaros da caatinga. São mais utilizados para ovinos e
caprinos durante as secas mais severas, após a queima de seus espinhos.
Moleque-duro – forrageira de porte arbustivo das mais preferidas
pelos ruminantes, especialmente os caprinos, que se alimentam de suas folhas
verdes ou secas. Possui grande poder de rebrota, recuperando a densa folhagem
rapidamente após as primeiras chuvas. Se destaca pelas suas belas flores
brancas. Apresenta boa digestibilidade e razoável teor de proteínas nas folhas
(14%). É uma das forrageiras mais importantes da caatinga para os pequenos
ruminantes.
Fonte: Manejo Básico de Ovinos e
Caprinos - SEBRAE