segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

PLANTAS FREQUENTADAS PELAS ABELHAS SEM FERRÃO

Mediante questionamentos e observações detectamos 18 espécies vegetais que são mais utilizadas por estas abelhas para coletar pólen e/ou néctar, e como local de nidificação (FREITAS et al., 2000), conforme a lista a seguir:

o Amarra cachorro (Bromelia sp.): planta oportunista, floresce durante a época das chuvas e desaparece na seca. Ocorre nas Caatingas aproveitando clareiras na vegetação ou entre as árvores e arbustos.
o Angico (Anadenanthera macrocarpa): ocorre nas Caatingas, Maranhão, até São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Bolívia, Paraguai e Argentina. Floresce durante os meses de setembro a novembro com a planta quase totalmente despida da folhagem.
o Aroeira (Astronium urundeuva): ocorre desde o Ceará até o estado do Paraná e Mato Grosso do Sul. É mais freqüente no Nordeste do país, oeste dos estados da Bahia, Minas Gerais, São Paulo e sul dos estados Mato Grosso do Sul e Goiás. Floresce durante os meses de junho a julho, geralmente com a planta despida de sua folhagem.
o Catingueira (Caesalpinia pyramidalis): ocorre do Piauí até a Bahia, Alagoas, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Floresce a partir do final de novembro prolongando-se até janeiro.
o Cumaru (Amburana cearensis): ocorre no Nordeste do pais na Caatinga, nos estados Espírito Santo e Minas Gerais, nos afloramentos calcários e matas decíduas dos estados de Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo. Floresce durante os meses de abril – junho ou em outubro.
o Favela (Cnidoscolus phyllacanthus): ocorre no Nordeste até o norte de Minas Gerais na Caatinga. Freqüente no vale do rio São Francisco. Floresce quase o ano todo, por ocasião de chuvas, concentrando-se nos meses de dezembro a maio ou de agosto a dezembro.
o Imburana de cambão (Bursera leptophloeos): ocorro no Nordeste Brasileiro, Caatingas arbóreas-arbustivas e terrenos calcários e Pantanal Matogrossense e matas chaquenhas. Freqüente no vale médio do rio São Francisco. Floresce durante os meses novembro-dezembro junto com o surgimento da nova folhagem.
o Jitirana (Ipomaeia acuminata): planta herbácea, gosta de lugares úmidos, nos brejos, beira de matas, nos roçados e canaviais. Floresce na Caatinga principalmente depois das chuvas, nos meses de abril-junho.
o Juazeiro (Ziziphus joazeiro): ocorre no Nordeste brasileiro (Piauí até o norte de Minas Gerais), nas Caatingas e campos abertos do polígono das secas. Floresce durante os meses de outubro, novembro a dezembro.
o Jurema (Acacia bahiensis): ocorre no Nordeste do país, principalmente no Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, sul do Piauí e Bahia na Caatinga. Floresce durante longo período do ano, principalmente durante os meses setembro a janeiro ou de julho até novembro.
o Leucena (Leucaena glauca): espécie originária da América Central e do México, foi distribuída no Brasil de acordo com a necessidade de forragem para o gado. Floresce na Caatinga no período setembro-outubro.
o Malva (Sida sp.): ocorre em todo Brasil, na Caatinga, mais freqüente no semi-árido nordestino. Floresce na Caatinga principalmente depois das chuvas, nos meses de maio-julho.
o Maniçoba (Manihot glaziovii): ampla distribuição, ocorrendo principalmente no semi-árido (sertão) e em estado silvestre no Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Piauí, Ceará, Tocantins, Bahia e Minas Gerais, florescendo no final de outubro-início de novembro.
o Mofumbo (Combretum leprosum): ocorre nos Estados do Nordeste Brasileiro, na Caatinga e Pantanal Matogrossense. Floresce durante os meses de outubro-dezembro.
o Mussambê (Cleome spinosa): ocorre em toda a América Tropical. Floresce na Caatinga principalmente depois das chuvas, nos meses de abril-junho.
o Pereiro (Aspidosperma pyrifolium): ocorre no Nordeste no polígono das secas, na Bahia, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo, cerrados e cerradões. Floresce durante os meses de setembro a outubro com a planta quase desprovida de folhagem.
 Tamboril ou tambor ou orelha de negro (Enterolobium contortisiliquum): ocorre no Pará, Maranhão e Piauí até o Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul e Paraná. Floresce a partir dos meados de setembro prolongando-se até novembro.
o Umbuzeiro (Spondias tuberosa): espécie típica das Caatingas, ocorre desde o Ceara até o norte de Minas Gerais. Floresce quase sempre pouco antes das primeiras chuvas e a floração e produção de frutos varia de local para local, de acordo com as chuvas. A predominância de floração é nos meses de setembro a dezembro.

Neste levantamento, as famílias Bromiliaceae, Burseraceae, Convulvolaceae, Caparidaceae, Combretaceae, Rhamnaceae, Leguminosae, Anacardiaceae, Papilionoideae, Apocynaceae e Euphorbiaceae foram as que obtiveram representantes de espécies vegetais ocorrente nas Caatingas e visitadas pelas abelhas indígenas sem ferrão.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Mamãozinho-de-veado resiste à escassez de água

(04/07/2007)

Foto/Embrapa
Mamãozinho-de-veado resiste à escassez de água
Na paisagem da caatinga, o mamãozinho-de-veado é pouco mais que uma planta de tronco fino com alguns pouco galhos laterais. Contudo, quando se cava o solo à procura de suas raízes, se sobressai uma batata, ou xilopódio, que pode alcançar o peso de 350 quilogramas e rico em sais minerais, proteína, fibra, amido e água. Para o pesquisador Nilton de Brito Cavalcanti, da Embrapa Semi-Árido (Petrolina-PE), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abatecimento, é um conjunto de ingredientes que distingue o potencial forrageiro da planta.   

O mamãozinho é planta típica da região semi-árida do Nordeste. A raiz em forma de xilopódio, a exemplo do imbuzeiro, armazena grande quantidade das águas da chuva que a planta usa como reserva para sobreviver aos períodos de estiagem. Segundo Nilton, esta característica praticamente torna a planta adequada para uso pelos agricultores durante o ano todo, em especial nos momentos de escassez de alimentos para os rebanhos.

Cultivar - Algumas plantas de mamaõzinho estão expostas na Agrishow Semi-Árido 2007. O pesquisador revela que a espécie é quase que desconhecida pela literatura sobre as caatingas. No entanto, vaqueiros, caçadores, trabalhadores de campo e as pessoas que habitam o ambiente semi-árido conhecem muito bem. Nas fases de estiagem mais intensa, e em áreas onde se pratica uma pecuária extensiva, é comum ao agricultor dispor apenas de plantas de mandacaru e mamãozinho para cortar e fornecer aos animais.

Esta forma de uso, indo à caatinga e cortando a planta, ameaça a espécie de extinção. A retirada da batata significa a morte do mamãozinho. Com as informações das pesquisas realizadas na Embrapa, Nilton recomenda que os agricultores cultivem a espécie nas suas propriedades da mesma forma que faz com a palma forrageira, o capim buffel e outras plantas utilizadas na alimentação dos rebanhos.  Nas áreas onde a vegetação nativa está preservada, é possível encontrar cerca de 16 plantas por hectare. Contudo, na caatinga degradada, a densidade é de 3 a 5 pés por hectare.

Segundo ele, o cultivo de mamãozinho pode ser feito por meio de sementes colhidas dos frutos da planta. A época ideal é a do início das chuvas. Nilton esclarece que a espécie é de crescimento lento. Em testes realizados no Campo Experimental da Caatinga, na Embrapa Semi-Árido, se observou que em um ano a batata do mamaõzinho-de-veado pesa em média 3,46 quilogramas. Se não for cortado, ela continua a crescer. Pela grande resistência à seca, ela pode ser cultivada como uma reserva forrageira estratégica para os sistemas de criação pecuária no semi-árido. 

fonte: http://www.embrapa.br/imprensa/noticias/2007/julho/1a-semana/noticia.2007-07-04.3321081425/