Escrito
por Danúbio Mondlane
Quinta,
24 Fevereiro 2011
Os
criadores de frangos em Moçambique já podem sonhar com bons tempos para o seu
negócio, graças a uma investigação feita no país, que permite a substituição
das rações industrialmente produzidas, muitas vezes importadas a preço de
ouro, por outras rações mais baratas e de produção caseira que, para além dos
tradicionais ingredientes tais como milho, soja, bagaço de algodão, também
têm a particularidade de incluir uma massa feita com base em folhas secas de
moringa.
A
moringa é uma árvore muito abundante no país. Aliás, a moringa já é
considerada como uma planta mágica pelo facto de ser usada para o tratamento
de um número incontável de doenças.
Refira-se
que as folhas da moringa são boa fonte de fósforo, cálcio, ferro e vitamina
C, e também contêm cerca de 27 por cento de proteínas.
Dados
revelados terça-feira durante o programa da Rádio Moçambique “Café da Manhã”
pelo Dr. Zacarias Massango, um investigador do Instituto de Investigação
Agronómica de Moçambique (IIAM), uma instituição ligada ao Ministério
moçambicano da Agricultura, o recurso a esta ração alternativa para os criadores
de frango do país poderão poupar pelo menos 15 por cento nos custos de
aquisição de rações produzidas industrialmente, cuja maioria é importada da
vizinha Swazilândia e Africa do Sul.
A
moringa tem a vantagem de ser produzida localmente pelos próprios criadores,
sendo uma opção económica viável para a substituição de outros ingredientes
mais caros tais como a farinha de carne ou de peixe usados na ração
importada.
Massango
destacou que os resultados são muito promissores, porque tanto os frangos que
são alimentados pela ração industrial, cuja produção é baseada na farinha de
peixe, de carne e bagaço de soja, bem como os que são alimentandos pela ração
alternativa feita à base dos quatro ingredientes de produção local já
referidos, apresentam o mesmo peso de 1.800 gramas após 35 dias, período
considerado normal para o seu abate e comercialização.
Para o
efeito foi realizada uma experiência piloto no distrito de Magude, província
de Maputo, cujos resultados indicam que a ração caseira a base de moringa é
de igual qualidade a produzida industrialmente.
Enquanto
isso, decorrem os preparativos para a realização de uma experiência idêntica
num distrito da província central de Manica, e uma outra experiência em
Ulongué, na província de Tete.
Actualmente,
a produção de frango em Moçambique ainda está muito longe de satisfazer a
demanda, dado que o país conta agora com pouco mais de 21 milhões de
habitantes, mesmo considerando que mais de 60 da população é pobre e
desprovida de recursos financeiros para consumir carne de frango
regularmente.
Massango
revelou dados que têm estado a ser disseminados no país pelo Projecto
CountryStat, uma organização que está a trabalhar na uniformização dos
sistemas estatísticos de vários países.
Os
mesmos indicam que por cada 100 frangos vendidos os criadores ganham um lucro
de dois mil meticais (um dólar equivale a cerca de 31,5 meticais).
Contudo,
se adoptarem a ração alternativa, o seu lucro poderá incrementar em mais 15
por cento. Ele revelou que o uso da ração industrial representa actualmente
cerca de 75 por cento de todo custo agregado da produção de frangos, razão
pela qual a sua instituição esta à busca de rações alternativas.
O
investigador moçambicano explicou que se optou pela inclusão da massa da
moringa porque a mesma contém substancias químicas que contribuem para o
crescimento dos frangos.
Dados
estatísticos contidos no site do CountryStat, um projecto da FAO no qual
Moçambique é um dos países beneficiários através do Instituto Nacional de
Estatísticas (INE), indicam que a produção doméstica de frangos apenas
satisfaz cerca de 57 por cento das necessidades dos consumidores
moçambicanos.
“Os
níveis actuais de produção não justificam o banimento das importações”, disse
Massango, justificando a necessidade de os grandes importadores tais como a
A&L Enterprises, Delta Trading, Procongel, Moçambique Terra Mar, Africom,
Marin Trading e vários outros continuarem a importar frangos.
A fonte
reconheceu que apesar da produção nacional estar em franco desenvolvimento,
ainda não satisfaz as necessidades de consumo local, tendo exemplificado que
de Janeiro a Março de 2010, foram produzidos apenas 4.050 frangos, quando a
demanda actual está calculada em 8.100 frangos.
Como
forma de se incentivar a produção nacional do frango, as importações estão
sujeitas a taxas aduaneiras de 20 por cento, que incidem sobre o preço
agravado com os 17 por cento do IVA.
Mesmo
assim, há momentos em que os preços de venda ao público são ligeiramente
baixos comparados com os da produção interna, uma situação que poderá ter
como explicação as políticas de subsídios aplicadas em alguns dos países
donde os frangos são importados.
Novos
investimentos na carteira Os operadores do sector avícola moçambicano estão a
fazer grandes investimentos visando superar ou pelo menos reduzir este défice
e criar condições para exportar este produto para os países vizinhos.
Salientou
que até finais do próximo ano, o país poderá deixar de importar o frango, com
a abertura de mais incubadoras e matadouros e a entrada de novos produtores
no mercado.
Referiu
que, para o efeito, estão sendo investidos mais de 10 milhões de dólares por
diferentes empresários nacionais e estrangeiros. Um dos resultados desses
investimentos, segundo a fonte, é o crescimento da produção nacional na ordem
de 15 por cento, durante o primeiro semestre de 2009, com a produção a
atingir 21.770 toneladas.
Nos
seis meses seguintes, a produção foi de cerca de 27.400 toneladas de carne de
frango, o equivalente a 17.125 mil unidades, tendo depois aumentado para mais
49 mil toneladas de carne de frango ate finais do mesmo ano.
Espera-se
que com a nova ração caseira, a produção de frangos no país poderá conhecer
um grande incremento, o que poderá também concorrer para a redução dos preços
de venda, e varia de 120 a 240 meticais, vivo ou confeccionado.
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